segunda-feira, 28 de abril de 2008

5G Oitavo Conto : Infância

Trilha Sonora:
Amelie Poulain Soundtrack

Era diferente estar ali, no carrossel.
As cores vibrantes o glitter nos cavalos, a música com sinos...
Sua saia esvoaçava com as voltas, a saia de pregas azul marinho com o brilho inconfundível do cetim ondulava constantemente.
O perfume dela era levado pelo vento deixando o cheiro de frutas e flores no ar, encantando os rapazes que passavam por ali.
As crianças se perguntavam por que tinha uma moça maior do que eles brincando ali.

Ela deixava o seu cabelo embaraçar com o vento, o penteado mais natural possível.
Suas meias cinco oitavos listrada de preto e branco realmente chamavam atenção, mas ela não ligava.

Não dava a mínima que seu sapato do tipo boneca fosse plataforma, mesmo que ela não precisasse de todos aqueles 10 centímetros extras.

Ela só queria estar ali, com o vento e a música as cores e os aromas do parque que estaria ali por pouco tempo.

Quantas vezes não desejamos voltar a sentar num carrossel?
Enlouquecer com o cavalgar dos cavalos mais coloridos do mundo?
Dançar com a música dele,

Fazer a trilha sonora de sua vida com as músicas da sua infância, chamar estranhos para dançar passos que você nunca aprendeu, comer pipoca doce e colorida, pular corda e amarelinha, jogar peão e bolinhas de gude, soltar as mais coloridas pipas.

Reaprender a subir em árvores e roubar frutas dos vizinhos.
Tomar conta de bichinhos inofensivos, e colecionar pedras.

Tudo isso usando as mesmas roupas, deixar a saia esvoaçar com o pular das cordas e da amarelinha, rasgara as meias ajoelhando-se no chão para jogar bolinhas de gude, cortar os dedos soltando pipa, rasgar as roupas e sujá-las ainda mais subindo e caindo das árvores.

Para sempre de férias.
Bolo de fubá de tarde, chocolate quente de noite, pão caseiro de manhã.

Cheiro de infância nos assola todos os dias, mas infelizmente não mais o sentimos.

Não tem crianças nas ruas.
As árvores não dão mais frutas.
Quase não se tem mais pipas no céu.
Amarelinha perdeu a graça, e as bolinhas de gude são herança.

Ninguém mais sabe jogar peão.
Ninguém mais para para jogar Xadrez, ou Damas.
Ninguém mais tem paciência para Quebra-Cabeças.

Imaginemos por que não temos, não sabemos...
O Tempo acabou?

O que tem faltado?
Dedicação?
Ânimo?
Falta aquele risco de infância, que nos segue até termos os nossos filhos para ensinar, aprender.
Eu espero que até lá, ainda existam coisas feitas para se brincar na rua.
E não só dentro de casa, em nossas caixas seguras e frias, sem sol, nem lua.

Espero poder sair um dia e olhar pro Céu e ver mais estrelas nele do que hoje.

E que o tempo não mais se inverta. Que esteja calor quando tiver de estar.
E frio quando for hora de ser.
Que as flores não fiquem confusas.
E a chuva seja solene.
E que as nuvens estejam sempre presentes.

Afinal é tudo o que precisamos...

Certo?


-=Sarah=-

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Meme? o.O

Sr. PV, intimou-me a fazer parte dessa loucura, há de ser divertido.

Eis as tais regras.

1° - A pessoa selecionada deve fazer uma lista com 8 coisas que gostaria de fazer antes de morrer.
2° - É necessário que se faça uma postagem relacionando estas 8 coisas, não importando o que seja, é necessário que a pessoa explique as regras do jogo.
3° - Ao finalizar devemos convidar 8 parceiros de blogs amigos.
4° - Deixar um comentário no blog de quem nos convidou e nos nossos convidados, para que saibam da intimação.

Coisa n° 1
Ter meus 8 filhos.
É por que oito é um numero lindo!
Trigêmeos e depois gêmeos e os outros 3 vem com o decorrer do tempo.
Se não for possível, os Trigêmeos vão bem. E o meu marido não vai escolher os nomes deles por que eu fiz isso à uns 3 anos. E nenhum deles vai ter nome duplo, por que eu acho isso a coisa mais tosca do planeta, principalmente quando eles não combinam.
Do tipo "Pedro Joaquim". Pelo amor de Deus! Tenham piedade! Coitado do moleque na sala de aula. - "Pedro Joaquim Almeida Ferreira Neves?" " Presente...Eu odeio o meu nome."

Coisa n° 2
Morar na Inglaterra, sozinha ou não, eu tenho muito mesmo que sair desse raio de país e passar uns tempos na cidade da chuva ácida e do parlamento mais charmoso do planeta. 'Fala verdade?!'

Coisa n°3
Aprender japonês, e francês, pelo menos por enquanto, por que francês tem uma sonoridade linda, mas é tosco pakas de escrever, e japonês por que eu sou otaku msm.

Coisa º4
Ter uma 'Eleanor' pra mim, aquele carro maravilhoso que o Nickolas Cage fez o favor de destruir em '60 segundos', OU um Camaro vermelho cereja, obviamente entupido de nitro, coloridão pakas (mais o melhor som do mundo), só pra fazer uns raxas nessas ruas vazias dessa cidadezinha sem graça.

Coisa °5
Publicar os meus contos, e ainda ter uma vida normal. Por que na boa, alguém ai precisa começar a usar um pouco do nosso talento. Eu até venderia meus livrinhos de bolso com um cdzinho com as minhas trilhas sonoras...

Coisa n°6
Construir minha própria casa com a minha própria decoração. Por que. na boa, quando você faz, as coisas tem mais valor. E se você fizer cagada, a culpa é sua.

Coisa nº7
Aprender dança de salão, ventre, tango, flamengo... Só por que é divertido.

Coisa n°8
Aprender violoncelo, tocar Shadow of Doubt, e ainda fazer um cover de Apocalyptica fazendo cover de Metallica.
E se possível tocando tudo isso com os meus filhotes.

That's all Folks.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

5G Sétimo Conto: Ser Humano

Trilha Sonora:
Escaflowne - Shadow of Doubt

Era uma vez, um Humano.

E ele por ser único e sozinho, fez um favor a si mesmo e ignorou sua aparente solidão.
Logo depois houveram outros Humanos. Que se agrupavam entre si, e discutiam sobre coisas sem importância.
Sombras sem valor.
Esse Humano em particular, tinha um sonho. Ele queria saber como era não ser Humano. Ele queria saber, como era não estar naquela pele, não comer aquelas comidas, não andar sobre aquelas pernas. Ele queria ser outra coisa, algo mais, diferente, invisível, insensível.

Ele queria ser como o vento.
Queria estar em todo lugar, e arrastar consigo tudo o que estivesse em seu caminho, ele ouviria todas as conversas, se esconderia em todos os quartos, veria todos os lugares, cercaria todas as preciosidades.
Mesmo que não pudesse tocá-las, nem tê-las para si.
Por que o vento é solitário, ele leva consigo a Humana que queria ser a água.
Levando chuva pra todos os Humanos que moravam sobre a Terra seca.
Alimentando os Humanos que queriam ser as plantas.
Plantas essas devoradas pelos humanos cruéis que queriam ser como o Fogo. Deslizando sobre o chão, enegrecendo tudo que toca.

Ninguém nunca quer ser um elemento.
Humanos querem sempre ser outros Humanos. Não que haja algo fascinante a ponto de ser mencionado em ser um Humano.

Então o Vento, a Água, a Terra e o Fogo, juntam-se a cada pares de meses, lembrando dos Humanos que uma vez foram, tentando ensinar os humanos que nós somos.

Derrubando nossas casas.
Afogando nossos filhos.
Engolindo nossas famílias.
Queimando nossas vidas.

Sem falar que a humana que queria ser o Gelo, não quis aparecer muito, por que ela exigia muito da Água e do Vento. E ela sempre entrava em conflito com o humano que era o Fogo.

A união dos elementos imortais, ainda tem muitos castigos para distribuir pela humanidade.

O único detalhe, deles, é que são todos cegos, surdos e mudos.
Eles não vêem os humanos, só o que eles fazem.
Eles não ouvem os seus gritos.
Eles não falam a nossa língua.

Eles não nos amaldiçoam, nem nos amam, só nos toleram.

Mas somos nós que os Ignoramos.

E o dia em que eles vão se unir de novo, sobre os oceanos, no meio dos céus, nas profundezas da terra e no meio das geleiras e vulcões, para decidir que parte do planeta precisa ser posta em ordem novamente...
O seres humanos nos caminho, não vão sobreviver.

-=Sarah=-

terça-feira, 15 de abril de 2008

5G Sexto Conto: Lamento

Trilha Sonora:
Lifehouse - Everything

'Eu não acredito que vamos ficar juntos pra sempre... E eu peço desculpas se fiz você achar que sim.' - Ela disse encarando o chão, como normalmente fazia quando tinha de dizer algo que preferia não dizer.
Ele ficou confuso, e uma dor apunhalou o seu coração. 'Por quê? O que eu fiz de errado?' - ele deu um passo a frente tentando se aproximar.
'Você não fez nada errado. Eu só... não posso continuar a arrastar esse relacionamento esperando acontecer algo que até agora não aconteceu. E estamos juntos por tempo de mais, e eu já não quero fazer você sofrer mais, do que já tem sofrido. Eu não posso me casar com você.' Ela ergueu os olhos só pra ver ele estremecer e entristecer. Como se o seu mundo tivesse desmoronando junto com o seu coração. Ele sentou na cadeira mais próxima e enterrou as mãos no rosto. Forçando-se a entender.
' Ela se aproximou dele pôs as mãos em suas costas. Deu-lhe um abraço. O último.
Ela sabia que não podia ficar, ou não resolveria nada.
Ela tinha que sair. Deixar ele entrar no luto do amor que ele achava que era da sua vida.

Ela infelizmente, nunca realmente o amou como ele a amava.
Talvez fosse mesmo culpa dela, por ter ficado com alguém que lhe dava mais valor do que ela sabia que valia.
Ela sabia que ele não era o seu 'único'.

E agora caminhando sozinha nas ruas molhadas pela chuva, envolta só no calor de suas roupas ela esperava encontrar dessa vez, o único para ela.
Deixando as marcas de suas pegadas no chão e mergulhando sozinha e silenciosamente entre as ruas vazias.
Ela podia prever as lágrimas derramadas. O sofrimento. E lamentava não conseguir sofrer também.

-=Sarah=-

sexta-feira, 11 de abril de 2008

5G Quinto Conto: Romance 16

O que você quer de mim?- ela disse se virando para ele com lágrimas no rosto.

Eu sou tudo que você precisa. – ele disse com o olhar mais sereno que ela já havia visto.

Ela voltou a chorar, percebendo que ele tinha razão, não poderia ficar sem ele mais nenhum dia Mas como ela iria esquecer tudo que já havia acontecido até então?

Ele a havia decepcionado e entristecido por tantas vezes, e o tempo que ficou sem ele fez ela notar que apesar de ter sofrido tanto, sofreu menos com ele do que sozinha.

Ele havia se tornado metade de tudo que ela conhecia, as partes mais divertidas, todo o amor que ela podia ter conseguido tinha vindo dele.

Ela precisava tanto dele que queria desistir de tentar se livrar daquele sentimento.

Ele a abraçou e sentiu ela soluçar nos seus braços.

Perguntou-se como poderia ficar assim com ela para sempre, se ambos sabiam que só por que se amavam teriam de se separar.

Ele era o único para ela, e ele aprendeu a amá-la mais que tudo. Mas agora que haviam descoberto isso, encararam uma situação que os deixaria longe um do outro por um longo tempo. Talvez longo de mais.

Ela guardava dentro de si muitas perguntas, e ele guardava todas as respostas. Mas eles ainda tinham que resolver muitos de seus problemas. Ele tinha que ceder, e ela tinha que ser mais... Mais algo que ele só podia explicar quando a via em pedaços, triste. Ela precisava de uma porção de sentimentos em relação a tudo que ele amava que seria essencial.

Ao se soltarem ela voltou a chorar, o perfume dele sempre ficava na roupa dela, depois daquele dia, nunca mais ficaria.

‘Eu amo você mais do que tudo. E eu não quero ir embora.’ – Ele disse segurando os ombros dela, vendo ela desmoronar em suas mãos, sabendo que não poderia ficar por perto para colocá-la de pé novamente.

‘Eu não quero que você vá embora. Você não pode me deixar de novo. O que eu vou fazer sem você?’ – ela disse tentando limpas s lágrimas que borravam a sua maquiagem.

‘Você vai crescer.’ – Ele disse e deu um beijo em sua testa.

Ignorou a multidão ao seu redor, e pegou as suas malas e a deixou. Subiu no trem, sentou em uma janela e a viu desmoronar como um prédio condenado.

Ela se ajoelhou no chão e chorou como se ninguém mais pudesse ajudá-la. E olhou para trás, só pra ver ele ir.

-=Sarah=-



(Parabéns para mim...yey!)

segunda-feira, 7 de abril de 2008

5G Quarto Conto: Simples Juntos

Trilha sonora:

Alanis Morissette - Simple Together

Ele havia sido tudo que ela tinha pedido, surpreendeu-se ela por ser também tudo que ele queria, e depois de terem passado tanto tempo junto. Algo tinha que dar errado.

Eram os melhores amigos. E ela se lembrava quando o conheceu.

E ela estava sofrendo, já não lembrava como era vida sem ele.

Ela pensou que eles seriam felizes juntos, que seriam... Simples juntos. Mas ela estava tristemente errada.

Eles foram felizes, foram geniosos, foram cuidadosos e amáveis.

Mas ela continuava com o coração despedaçado, pedaços que ela não podia juntar.

Ela pensou que teria filhos com ele, que seriam uma família.

Apesar de todas as conversas complicadas, todas as brigas, todos os beijos e abraços.

Mas ver ele naquela cama, adoecendo rapidamente, tirava toda possibilidade de ela poder fazer ele se curar só com o seu amor.

Lembrando dos planos dele de viajar e escalar, ver as montanhas. De fazer tudo que antes não teve coragem de fazer.

Antes de cada decisão que ele tomava, ele dizia que a amava. Mesmo que a decisão não fosse boa.

E ela viu a vida dele passar pelos olhos dela, quando ele pediu para ela parar de sofrer.

Ela viu um sorriso brotar dos lábios dele, viu uma lágrima correr no seu rosto, viu o seu peito se levantar mais uma vez, e sentiu os dedos dele apertando a mão dela, ele sussurrou que gostaria de limpas as lágrimas dela, mas que não tinha muitas forças. Disse que a beijaria se não soubesse que se parasse de respirar naquele momento, pararia para sempre.

Ela viu o corpo dele enfraquecer, sentiu o calor da mão dele sumir, viu o brilho dos olhos dele embaçar.

Viu o peito dele expulsando o ar mais devagar. Viu seus lábios tentarem dizer que a amava. Quando o coração dele parou.

Ela viu a si mesma querendo morrer com ele.

Sendo retirada da sala por enfermeiros, e médicos constatando que nada mais podia ser feito. Ela morreu junto com ele. Naquela sala. Naquele momento. Por que não haviam gritos altos o suficiente para ele poder ouvir.

-=Sarah=-